Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo
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Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo

A Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) é gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) como uma Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável do Bioma Marinho Costeiro. Situada na região oceânica do Atlântico Equatorial, esta UC engloba parte das ilhas do arquipélago e uma área total de aproximadamente 40 milhões de hectares, tendo sido criada junto com o Monumento Natural (MONA) do ASPSP (Decreto Nº 9.313/2018). O ASPSP dista cerca de 1.010 km a nordeste da cidade de Natal (RN) e confere, com sua ocupação permanente desde 1998, uma estratégica Zona Econômica Exclusiva (ZEE) para o Brasil. Esta projeção da ZEE brasileira no Atlântico Central, com 200 milhas náuticas de raio a partir do ASPSP (0°55'02" N e 29°20'44" O), está diretamente ligada ao incremento das pesquisas científicas na região. Este avanço no conhecimento científico local foi possível através da implementação do Programa Arquipélago, capitaneado pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM/Marinha do Brasil) (Alves & Castro, 2006; Viana et al., 2009). Com os resultados das pesquisas científicas, a relevância ambiental e geopolítica do ASPSP mostrou-se ainda maior, culminando com a criação de duas UCs específicas na região: a APA e o MONA.
O Arquipélago de São Pedro e São Paulo constitui a parte emersa da Dorsal Mesoatlântica, formada por um grupo de diminutas ilhas e ilhotas rochosas de origem plutônica, com cerca de 400 m de extensão e 18 m de altitude, constituindo-se um dos menores e mais isolados conjuntos insulares do mundo (Darwin, 1846; Tilley, 1947; Melson et al., 1972; Viana et al., 2009). Sua relevância científica reflete-se nas informações coletadas desde as pioneiras expedições que desembarcaram no local, como as do HMS Beagle e HMS Challenger, no Século XIX (Darwin, 1846; Sollas, 1888), sendo realçada na década de 1980, a partir dos resultados da Cambridge Expedition (1979), que empregou mergulho científico nas amostragens (Edwards & Lubbock, 1983ab). Darwin registrou a ausência de plantas terrestres ou mesmo líquens nas ilhas, enfatizando o uso das algas marinhas como elemento fundamental de construção dos ninhos das aves de pequeno porte. Ele relatou também a importância dos inúmeros tipos de macroalgas marinhas e animais contribuindo para propiciar a presença de um grande número de peixes no local (Darwin, 1846). A marcante grande presença da macroalga frondosa Caulerpa racemosa cria uma tridimensionalidade junto ao fundo que propicia uma das estratégias de predação do peixe trombeta (Aulostomus strigosus), que é uma típica espécie do local, sendo constantemente observada camuflada para atacar em meio às algas (Feitoza et al., 2003).
As quatro maiores ilhas são Belmonte, São Pedro, São Paulo e Barão de Teffé, as quais formam uma enseada que alcança 20 m de profundidade máxima, assim como paredões verticais que se estendem abaixo dos 60 m de profundidade. A flora marinha da APA do ASPSP desenvolve-se neste cenário de águas transparentes, quentes e sob alta incidência luminosa da região equatorial, em uma posição biogeográfica extremamente relevante. Além das singularidades geográficas, a região está sob influência da Corrente Sul Equatorial, com deriva para oeste entre 0-40 m de profundidade, e da Subcorrente Equatorial, fluindo para leste entre 40-150 m de profundidade (Bowen, 1966; Edwards & Lubbock, 1983; Magalhães et al., 2015). Apesar disto, esta flora é considerada ainda pouco estudada em relação a outras UCs brasileiras, tendo como principais esforços os inventários da Universidade Federal Rural de Pernambuco e do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio Janeiro. A principal lacuna está no registro de espécies em Coleções Científicas, algo ainda incipiente frente à relevância da região para a biodiversidade marinha. O presente inventário busca sistematizar os dados e informações sobre esta flora, incluindo 66 espécies de macroalgas: 45 Rhodophyta, 13 Chlorophyta e 8 Ochrophyta. Este resultado representa um aumento de 28 espécies (42%) em relação ao último inventário publicado (Villaça et al., 2006). No entanto, observamos a necessidade de transpor um problema grave detectado: a falta de material testemunho de 39 táxons nos Herbários nacionais (i.e., sem exemplares/vouchers depositados; detalhes na Lista em anexo).
O CNPq concedeu bolsas de Produtividade em Pesquisa (JMC Nunes) e de Pós-Doutorado Sênior (CS Karez) e de Iniciação Científica (CC Silva) que contribuíram para elaboração das lista das macroalgas em UCs.

Lista de macroalgas marinhas identificadas para a APA do Arquipélago de São Pedro e São Paulo mas sem registro em herbário.


Filo Familia Gênero Epíteto específico
Chlorophyta Boodleaceae Struvea elegans
Chlorophyta Bryopsidaceae Bryopsis plumosa
Chlorophyta Caulerpaceae Caulerpa mexicana
Chlorophyta Caulerpaceae Caulerpa verticillata
Chlorophyta Cladophoraceae Chaetomorpha antennina
Chlorophyta Valoniaceae Valonia macrophysa
Ochrophyta Acinetosporaceae Asterocladon rhodochortonoides
Ochrophyta Acinetosporaceae Feldmannia irregularis
Ochrophyta Bachelotiaceae Bachelotia antillarum
Rhodophyta Bonnemaisoniaceae Asparagopsis taxiformis
Rhodophyta Ceramiaceae Antithamnion antillanum
Rhodophyta Ceramiaceae Centroceras gasparrinii
Rhodophyta Ceramiaceae Ceramium luetzelburgii
Rhodophyta Ceramiaceae Gayliella dawsonii
Rhodophyta Ceramiaceae Pseudoceramium caraibicum
Rhodophyta Ceramiaceae Pseudoceramium tenerrimum
Rhodophyta Ceramiaceae Stirkia vagans
Rhodophyta Ceramiaceae Yoneshiguea affinis
Rhodophyta Ceramiaceae Yoneshiguea compta
Rhodophyta Champiaceae Champia vieillardii
Rhodophyta Corallinaceae Jania capillacea
Rhodophyta Corallinaceae Jania cubensis
Rhodophyta Corallinaceae Jania pedunculata var. adhaerens
Rhodophyta Corallinaceae Jania prolifera
Rhodophyta Corallinaceae Jania pumila
Rhodophyta Corallinaceae Jania rubens
Rhodophyta Corallinaceae Pneophyllum fragile
Rhodophyta Erythrotrichiaceae Sahlingia subintegra
Rhodophyta Kallymeniaceae Kallymenia limminghei
Rhodophyta Lithophyllaceae Amphiroa beauvoisii
Rhodophyta Rhodomelaceae Carradoriella denudata
Rhodophyta Rhodomelaceae Heterosiphonia crispella
Rhodophyta Rhodomelaceae Laurencia dendroidea
Rhodophyta Rhodomelaceae Melanothamnus ferulaceus
Rhodophyta Rhodomelaceae Polysiphonia sertularioides
Rhodophyta Rhodomelaceae Polysiphonia subtilissima
Rhodophyta Rhodymeniaceae Botryocladia wynnei
Rhodophyta Stylonemataceae Stylonema alsidii
Rhodophyta Wrangeliaceae Anotrichium tenue

Como citar

Para citação de informação proveniente da consulta à lista de espécies de plantas do(a) Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, usar:
Karez CS, Moraes FC, Santos GN, Silva CC, Nunes JMC, Bahia RG, Ribeiro CCM, Salgado LT. 2024. Lista de espécies de macroalgas marinhas da Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. In: Catálogo de Plantas das Unidades de Conservação do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: [https://catalogo-ucs-brasil.jbrj.gov.br]. Acesso em dia/mês/ano.

Contato: lsalgado@jbrj.gov.br

Publicações

1 - ALVES, R.J.V. & CASTRO, J.W.A. 2006 (Orgs.). Ilhas oceânicas brasileiras da pesquisa ao manejo. MMA/SBF, Brasília: 298 pp.
2 - BOWEN, V.T. 1966. St. Paul´s on the subway. Oceanus, v. 12, n. 4, p. 2-4.
3 - BRASIL, Decreto Nº 9.313, de 19 de março de 2018. Cria a Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo e o Monumento Natural do Arquipélago de São Pedro e São Paulo.
4 - DARWIN, C. 1846. Journal of researches into the Natural History and Geology of the countries visited during the voyage of H.M.S. 'Beagle' round the world, under the Command of Capt. Fitz Roy, R.N. Harpen & Brothers Publisher, New York: 351 pp. Consultado em 2024-03-31
Disponível em: https://www.biodiversitylibrary.org/bibliography/25011
5 - EDWARDS, A. & LUBBOCK, R. 1983a. Marine zoogeography of St. Paul´s Rocks. Journal of Biogeography, v. 10, p. 65-72.
Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2844583?origin=crossref
6 - EDWARDS, A. & LUBBOCK, R. 1983b. The ecology of St. Paul´s Rocks (Equatorial Atlantic). Journal of Zoology, v.200, p. 51-69.
7 - FEITOZA, B.M.; ROCHA, L.A.; LUIZ-JÚNIOR, O.J., FLOETER, S.R.; GASPARINI, J.L. 2003. Reef fishes of St. Paul’s Rocks: new records and notes on biology and zoogeography. Aqua. Aqua, Journal of Ichthyology and Aquatic Biology, v.7, n.2, p. 61-82.
8 - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, MMA.
Disponível em: https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/unidade-de-conservacao/unidades-de-biomas/marinho/lista-de-ucs/area-de-protecao-ambiental-do-sao-pedro-e-sao-paulo
9 - MAGALHÃES, G.M.; AMADO-FILHO, G.M.; ROSA, M.R.; MOURA, R.L.; BRASILEIRO, P.S.; MORAES, F.C.; FRANCINI-FILHO, R. B.; PEREIRA-FILHO, G. H. 2015. Changes in benthic communities along a 0-60 m depth gradient in the remote St. Peter and St. Paul Archipelago (Mid-Atlantic Ridge, Brazil). Bulletin of Marine Science, v. 91, n. 3, p. 377-396.
10 - MELSON, W.G.; HART, S.R.; THOMPSON, G. 1972. St. Paul´s Rocks, equatorial Atlantic; petrogenesis, radiometric ages, and implications on sea floor spreading. Memoirs of the Geological Society of America, v. 132, p. 241-272.
11 - SOLLAS, W.J. 1888. Report on the Tetractinellida collected by H.M.S. “Challenger” during the years 1873-1876. Report on the Scientific Results of the Voyage of H.M.S. “Challenger”, v. 25, p. 1-455.
12 - TILLEY, C.E. 1947. The Dunite-Milonytes of St. Paul’s Rocks (Atlantic). American Journal of Science, v. 245, n. 8, p. 483-491.
13 - VIANA, D.D.L.; HAZIN, F.H.; SOUZA, M.A.O. 2009 (Orgs.). Arquipélago de São Pedro e São Paulo: 10 anos de estação científica. SECIRM, Brasília: 348 pp.
14 - VILLAÇA, R.C.; PEDRINI, A.G.; PEREIRA, S.M.B.A.; FIGUEIREDO, M.A.O. 2006. Flora Marinha Bentônica das Ilhas Oceânicas Brasileiras. In: ALVES, R.J.V. & ALENCAR, J.W. (Orgs.). Ilhas oceânicas brasileiras da pesquisa ao manejo. MMA/SBF, Brasília, p. 105-146. Disponível em: DOI: 10.13140/RG.2.2.27161.42085
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