Reserva Biológica de Duas Bocas
Nas encostas orientais da região serrana do estado do Espírito Santo, um dos maiores remanescentes florestais existentes corresponde à Reserva Biológica de Duas Bocas (doravante RBDB, cujo nome formal é Reserva Biológica Paulo Fraga Rodrigues), uma unidade de conservação estadual criada como Reserva Florestal pela Lei 2.095 de 12 de janeiro de 1965 e transformada em Reserva Biológica pela Lei no 4.503 de 02/01/1991. A criação dessa UC remonta ao início do século XX, quando o município de Vitória utilizou seus mananciais como fonte de captação de água para a população; ainda hoje o abastecimento de água do município de Cariacica é proveniente da área. A RBDB situa-se entre as coordenadas 20º18´05” S e 20º19´08” S / 40º28´06” W e 40º32´28” W e abrange cerca de 3000 hectares; a altitude varia de 200 a 800 m. O clima varia ao longo do gradiente altitudinal, desde Aw e Am, nas partes baixas, até Cfa a Cfb, nas encostas e partes elevadas, de acordo com a classificação de Köppen. A precipitação varia, respectivamente, das baixas às elevadas altitudes, entre 1200 e 1700 mm anuais, e a temperatura média anual de 24 a 20ºC. A estação seca acontece de maio a setembro, com precipitação abaixo de 100 mm por mês, e no verão a temperatura média é de 33ºC. A RBDB está no domínio da Floresta Atlântica, sendo a Floresta Ombrófila Densa a vegetação predominante. Devido ao histórico da região, a vegetação nas altitudes mais baixas é composta por mata secundária com intensa invasão de jaqueiras (Artocarpus heterophyllus Lam.) em alguns pontos.
O histórico de coleções botânicas na UC é recente: C.N. Fraga, J.M.L. Gomes e G. Martinelli foram um dos primeiros a realizar um número considerável de coletas na RBDB, entre 1998 e 1999, com as coleções depositadas principalmente nos herbários VIES e RB. Depois disso foram registradas apenas coletas esporádicas, com um hiato de quase uma década. Em 2008 houve um considerável aumento no número de coletas para a área, com materiais depositados principalmente no RB e realizadas por diversos pesquisadores, como Rafaela Forzza, André Amorim, André Fontana, Cláudio Fraga, Paulo Labiak, Ludovic Kollmann, e Renato Goldenberg. Em 2010 coletas substantivas de samambaias e licófitas também foram realizadas por Alexandre Salino e depositadas no BHCB. Por fim, entre 2017 e 2021, Gabriel Marcusso e Julio Lombardi, realizaram o inventário das epífitas vasculares na UC. Foram levantadas cerca de 1.500 amostras provenientes da área da RBDB, pertencentes a 849 espécies de plantas vasculares (675 Angiospermas e 174 Samambaias e Licófitas).