Reserva Extrativista Marinha do Arraial do Cabo

A Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (Resex-MarAC) é uma Unidade de Conservação (UC) federal de uso sustentável gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Está localizada no município de Arraial do Cabo, na região de Cabo Frio, RJ. Essa UC foi criada em 03 de janeiro de 1997 pelo Decreto Federal para proteger a pesca artesanal em Arraial do Cabo, com total de 51.601,46 ha. A sua área marinha foi concedida pelo ICMBio à Associação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo (AREMAC).
A paisagem local é composta por dunas, costões rochosos, lagunas e praias com águas claras. É comum o fenômeno da ressurgência na região, que é caracterizado pelo afloramento da Água Central do Atlântico Sul (ACAS), uma massa d`água profunda rica em nutrientes e de baixa temperatura (Coelho-Souza et al., 2012). A região de Cabo Frio se destaca pela importância da biodiversidade marinha, incluindo diversas espécies de macroalgas, invertebrados e peixes. O icônico pesquisador francês Jacques Laborel encontrou na região o que denominou de “Oásis Coralíneo”, reflexo da alta abundância de corais na Baía de Arraial do Cabo (Laborel, 1970).
A flora marinha da área é uma das mais bem estudadas do Brasil (Yoneshigue, 1985; Yoneshigue-Valetin & Figueiredo, 1987; Yoneshigue-Valetin & Valetin, 1988). O livro “Biodiversidade Marinha dos Costões Rochosos de Arraial do Cabo” apresenta um compilado do conhecimento sobre as macroalgas do local, evidenciando o importante papel das macroalgas como substrato, refúgio e/ou abrigo para muitos organismos (Yoneshigue-Valetin et al., 2020). Neste contexto, é comum observar a interessante associação entre a alga calcária articulada Jania adherens e a esponja Dysidea janiae (Duchassaing & Michelotti, 1864), que cresce exclusivamente agregando estas algas e fazendo dos seus talos suporte para o esqueleto de fibras de espongina (Batista et al., 2020).
Durante mergulhos autônomos realizados em 2015 pelos pesquisadores do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), foi descoberto na Baía de Arraial do Cabo o primeiro registro mundial de bancos de algas calcárias geniculadas de vida livre, denominados de “articulitos”; que incluiu a descrição de uma nova espécie para a ciência (Jania cabista) e um novo registro na região (Amphiroa cf. exilis) (Tâmega et al., 2017; 2021).
A flora marinha da Resex-MarAC é rica em espécies, com registros de 278 macroalgas, representadas por 179 Rhodophyta, 54 Chlorophyta, 45 Ochrophyta. A maior parte destes registros encontra-se nas bases de dados nacionais e em publicações de listas de espécies de Arraial do Cabo (Brasileiro et al., 2009; Yoneshigue-Valetin et al., 2020). Observamos a necessidade de transpor o problema de falta de material testemunho de 112 Taxa nos Herbários nacionais (Tabela 1). Neste contexto, merece destaque a coleção de macroalgas marinhas produzida pela Profa. Dra. Y. Yoneshigue-Valetin (UFRJ) depositada no Herbário RB do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (IPJBRJ).
O CNPq concedeu bolsas de Produtividade em Pesquisa (LT Salgado, JMC Nunes), Pós-Doutorado Sênior (CS Karez) e Iniciação Científica (CC Silva) que contribuíram para elaboração desta lista.

Lista de macroalgas marinhas identificadas para a RESEX-Mar do Arraial do Cabo, mas sem registro em herbário.

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