Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz
O Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz (RVS de Santa Cruz) é uma Unidade de Conservação (UC) de proteção integral no Bioma Marinho Costeiro, localizada na região costeira do Município de Aracruz, no Espírito Santo. A UC é delimitada por um polígono irregular e está localizada ao sul da foz do Rio Doce, entre as latitudes 19º 56’ 58.5” e 20º 0’ 43.19” S e as longitudes 39º 58’ 56.1.9” e 40º 9’ 13.88” O.
O RVS de Santa Cruz abrange um total de 177 km2, sendo 98% de sua área situada no ambiente marinho. Estabelecido em 17 de junho de 2010 através de Decreto Federal, seu principal objetivo é proteger a diversidade biológica e os ambientes, principalmente os fundos colonizados por algas e outras comunidades bentônicas. O RVS de Santa Cruz é circundado pela Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas. Estas duas UCs fazem parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica/UNESCO.
A flora marinha do RVS de Santa Cruz é diversa, com registros de 136 espécies, sendo 135 táxons de macroalgas e um táxon de angiosperma. As macroalgas são representadas por 71 rodófitas, 31 clorófitas e 33 feófitas. Destas espécies, 24 não possuem exemplares (voucher) em herbários, indicando a necessidade de novos esforços de coleta. O RVS possui pelo menos 122 táxons de algas em comum com a APA Costa da Algas.
O RVS de Santa Cruz, assim como a APA Costa das Algas, foi afetado pelos rejeitos de minério decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, conhecido como Desastre de Mariana, ocorrido em 5 de novembro de 2015. Trata-se de um contexto que demanda por estudos e monitoramentos de longa duração, enfocando a diversidade da fauna e flora marinha de forma a melhorar a compreensão acerca da persistência do impacto e da capacidade de recuperação do ambiente.
Merecem destaque as coleções de S.M.P.B. Guimarães (depositada no herbário SP-Algae) e de G.M. Amado-Filho e R.G. Bahia (herbário RB), essa última com algas coletadas após o Desastre de Mariana. O CNPq concedeu bolsas de Produtividade em Pesquisa e de Pós-Doutorado Sênior para a confecção desta coleção, que contribuiu para aumentar o número de espécies no inventário do RVS. Parte do inventário florístico foi executado no âmbito do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (financiamento FEST-RENOVA) e do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD-Abrolhos). Agradecemos aos organismos que financiaram este trabalho e a todos que participaram das expedições, em especial: RT Carvalho, Á Bertoncini, N Vale, MJ Willemes, LAS Leão, J Lourenço e DS Cajueiro (Zá). Dedicamos este trabalho à memória do Dr. Gilberto M. Amado Filho pela sua inestimável contribuição.