Área de Relevante Interesse Ecológico Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande
A Área de Relevante Interesse Ecológico Ilhas da Queimada Pequena e Queimada Grande, criada pelo Decreto no 91.887, de 05 de novembro de 1985, localiza-se ao largo do litoral sul do estado de São Paulo, entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe. A ARIE, como seu nome já diz, é composta basicamente por duas pequenas ilhas: Queimada Pequena (IQP; ~18 ha de área emersa; 17 km da costa) e Queimada Grande (IQG; ~57 ha; 33,2 km da costa). São ilhas rochosas, com declividade variada, sem a presença de praias ou planícies arenosas. A IQG é constituída exclusivamente por encostas íngremes e penhascos, com solos rasos e muitos matacões e afloramentos rochosos. Sua altitude máxima é de 210 m acima do nível do mar.
As fitofisionomias e flora atuais de ambas as ilhas são o resultado do tamanho reduzido, condição insular, declividade, geralmente muito acentuada, solos rasos e do histórico de ocupação, que envolveu o uso do fogo. Na IQP, houve o cultivo de mandioca (Manihot esculenta Crantz) e na IQG, a Marinha do Brasil construiu um farol em 1909, que foi operado por faroleiros que lá residiram até 1925. O farol foi posteriormente automatizado e agora requer apenas manutenção periódica. Desse modo, a vegetação das ilhas pode ser caracterizada como um mosaico de: Floresta Atlântica em estágio maduro de sucessão (só na IQG, apresentando baixíssimo número de espécies arbóreas e estrutura oligárquica e podendo ser considerada como um tipo de clímax insular), Floresta Atlântica nos estágios inicial e médio de sucessão, vegetação sobre afloramentos rochosos e vegetação antrópica com fisionomia herbáceo-arbustiva. Já a flora originou-se no complexo da Floresta Atlântica continental, seguindo o mesmo padrão de outras ilhas costeiras do Sudeste do Brasil. Registra-se também a ocorrência de espécies associadas a áreas antropizadas, fruto do histórico de ocupação das ilhas.
Na IQG, ocorrem duas espécies da fauna, endemismos pontuais, que estão categorizadas com criticamente em perigo (CR) em nível nacional e global: a jararaca-ilhoa [Bothrops insularis (Amaral, 1921)] e um sapinho (Scinax peixotoi Brasileiro, Haddad, Sawaya & Martins, 2007). Na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (Portaria MMA no 148, de 07 de junho de 2022), S. peixotoi aparece como ‘criticamente em perigo (provavelmente extinta)’.
